A Última Estação

Publicada em 10/07/2010 às 18:54

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The Last Station

Muito mais que uma cinebiografia de León Tolstói (Christopher Plummer), A Última Estação (The Last Station,2009) é um filme sobre o amor. Mas, não se engane comparando a fita com melodrama convencional feito para emocionar espectadores mais sensíveis. Muito pelo contrário, o longa trata do assunto de forma bastante realista sem deixar de ser tocante, resultado de um misto de grandes atuações somado a um texto soberbamente realizado.

Baseado no romance de Jay Parini, a obra apresenta os últimos meses da vida do autor de Guerra e Paz, na época com oitenta e dois anos de idade, a partir do seu contato com o jovem escritor Valentin Bulgakov (James McAvoy ), que, por sua vez, entra em um verdadeiro “ninho de cobras” ao ser contratado pelo escritor e amigo de Tolstói, Vladimir Chertkov (Paul Giamatti) para investigar a vida privada do autor e sua esposa, a Condessa Sofya (Helen Mirren), como parte de uma grande disputa pelos direitos autorais mais valiosos do início do século XX.

Mesmo deixando a impressão de que Chertkov é o grande vilão da história, a produção não conta com mocinhos e bandidos, já que todas as atitudes, no fim das contas, são justificadas pela profunda admiração que o existencialista causava em todos ao redor, tamanha a grandiosidade de seus trabalhos. Esta representação se potencializa ainda mais nas atuações simplesmente irretocáveis do casal principal. Christopher Plummer, assim como no ótimo “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”, parece possuir uma aura sobrenatural, que realmente justifica toda adoração ao seu personagem; já Helen Mirren consegue caminhar sobre o fio da navalha entre a lucidez e a loucura durante a árdua caminhada de sua personagem rumo à insanid ade.

Com certeza, não é surpresa para ninguém as atuações dos dois veteranos atores. Surpreendente mesmo é o trabalho de McAvoy – que até então não havia convencido em seus trabalhos anteriores -, revelando-se um ator muito inteligente, dando o acanhamento necessário para um personagem tímido e virgem. Seu maior feito, sem sombra de dúvidas, foi se manter contido durante as poderosas performances do casal principal.

Resumo de um trabalho muito bem desenvolvido por Michael Hoffman, A Última Estação é, sem dúvida, um grande presente aos fãs da literatura tolstoniana, ao retratar as complexas relações de forma verossímil – prova disso são os trechos de filmes da época nos créditos finais - em bela análise dos dias finais do escritor , que chegou a ser comparado com Jesus Cristo e que, após a morte, influenciou Gandhi e Nelson Mandela, mas, no final das contas, era um homem (no sentido mais primitivo da palavra) comum, movido unicamente pelo amor.

Bruno Marques

Crítico, Cineasta e Web Developer.

www.brunocine.wordpress.com

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