Minha preferência ficou entre o ótimo
Detona Ralph, que tem um roteiro incrivelmente bem amarrado (numa época que tem se feito animações cada vez mais infantilóides – que nem crianças deveriam assistir), com diálogos e personagens que atiçam a curiosidade sem entregar tudo mastigado (o que, hoje, é louvável) e o também ótimo
Frankenweenie, de
Tim Burton, que, ousado, homenageou diversos clássicos do terror/horror, corajosamente em preto e branco (o que deve ter chateado muitas crianças – e adultos), com uma história divertida, bem escrita, que peca, apenas, por alguns excessos com os personagens coadjuvantes e por não ser exatamente original.
MELHOR FOTOGRAFIA
Aposta: Janusz Kaminski, por
Lincoln
Comentários: Lá vamos nós novamente, Janusz Kaminski. A fotografia do parceiro do
Spielberg é tudo que o cinemão americano gosta. Ilusória, grandiosa, ares de palco e, não, de vida. Sempre engrandecendo e ressaltando o tão famoso perfil do ex-presidente. Em
Lincoln, Kaminski não localizou a narrativa, nem indicou atalhos visuais ou, muito menos, morais. Ele criou um campo de força... uma áurea de luz ao redor do mito. Deverá ganhar, mas estarei torcendo contra fortemente.
E... por que meu preferido é Roger Deakins? Objetivadade dentro da subjetivadade. Deakins conseguiu brincar com as cores (especialmente com o vermelho) nesse novo (um dos melhores da franquia) 007. Repare, em certo momento, um dos personagens passando, à noite, atrás de um carro parado que está com os faróis noturnos (vermelhos, claro) ligados: apenas a mão armada do personagem é ressaltada por essa luz vermelha. E o que acontece mais à frente?
Outro detalhe interessantíssimo (e que é de uma rima sensacional entre imagem e roteiro) é a definição (igualitária) que Deakins e a personagem de
Judi Dench (M) dão a James Bond (
Daniel Craig) e ao vilão Silva (
Javier Bardem): "Ambos saíram das sombras.", diz M, o que remete ao princípio da fita, quando vemos a silhueta do Bond (no último plano) vindo em direção à... luz. Só quando está ao primeiro plano seu rosto é revelado. Um trabalho simples, objetivo e, ao mesmo tempo, subjetivo. Mas a sua vitória é improvável.
MELHOR TRILHA SONORA
Alexandre Desplat, por
Argo
Comentários: Se John Williams (meu compositor vivo favorito), que já tem cinco estatuetas na sua estante e está bem próximo da sua quinquagésima indicação, vencer, a Academia estará o impulsionando a continuar compondo as trilhas grandiosas do seu criativo piloto automático. Criador de partituras memoráveis (daquelas de sair assobiando após a sessão – e por muito tempo depois), como a do excepcional tema do
A Lista de Schindler ou do mais recente, incrível e saudoso tema da franquia Harry Potter, Williams parece ter adormecido parte do seu talento. Mesmo assim, continua sendo o melhor entre os compositores vivos, o que não faz a trilha de
Lincoln ser a mais bem sucedida, pela solenidade exagerada e pelo tom de reverência quase vitimista que acaba por enfraquecer, ainda mais, um filme carente de mais dimensões.
Thomas Newman, por sua vez, contorna
007 - Operação Skyfall com sagacidade, inserindo acordes fortes nos momentos de ação que se encaixam com as batidas e explosões da fita. Repare na primeira sequência de ação como a trilha e as imagens caminham absolutamente unidas! É bonito de se ver e escutar.
Alexandre Desplat também faz um trabalho muito competente (e isso tem virado costume seu), assim como Mychael Danna (minha aposta pela bela trilha de
As Aventuras de Pi). Ambos também são merecedores do prêmio.
Dario Marianelli corre por fora. Sua vitória seria uma surpresa. Nem boa, nem ruim. Uma surpresa somente.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Everybody Needs A Best Friend, por
Ted
Comentários: Há tempos uma canção tão bonita e simples como a Before My Time não tinha espaço no Oscar. E Scarlett Johansson gravou tão bem meio ou um tom abaixo do seu propositalmente (para deixar sua voz mais escura) que eu ficaria feliz com a vitória. Além disso, faz parte da trilha de um documentário, o que deixa a disputa bem interessante e a indicação com gosto de vitória.
Skyfall, interpretada por Adele para o
007 - Operação Skyfall, é das mais integradas à obra correspondente. Além disso, é a mais popular e a mais querida entre os americanos. Será difícil não vencer (mesmo com a cantora a cantando na noite de entrega das estatuetas)... disputando duro contra a Everybody Needs A Best Friend (típica canção que vence Oscar – animada, inteligente, divertida...), interpretada por Norah Jones (de quem sou fã) para
Ted.
Mas fico com a belíssima Pi's Lullaby, do
As Aventuras de Pi. interpretada pela excelente indiana Bombay Jayashri. Sua difícil vitória seria uma das mais lindas da premiação. Fico na torcida.
Hugh Jackman foi prejudicado com a Suddenly. A canção está fora do seu tom e, de qualquer forma, não é das mais bonitas. Mas... pode ser um agrado a esse australiano tão querido por todos.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
The Gatekeepers
A Guerra Invisível
Como Sobreviver a uma Praga
Cinco Câmeras Quebradas
Preferido: A Guerra Invisível
Aposta: A Guerra Invisível
Comentários: O preferido do público é
Procurando Sugar Man, um documentário de excelência, muito bem fotografado, com boa montagem... um tratado (?) definitivo (!) sobre Rodriguez, um improvável herói da música para dois sul-africanos.
Mas, sem dúvida, o destaque principal é The Invisible War, do Kirby Dick. Um minuncioso trabalho investigativo de grande poder emocional que revela que as mulheres do exército americano têm mais chances de serem violentadas por companheiros do que de serem mortas em combate. Perturbador, forte... e um pequeno sopro da Academia. Um sopro que tenta dizer aos mandantes do governo: "Olha! Nós temos vontade própria e premiamos um filme que revela muita podridão encoberta por vocês." E os números são bizarros: quase metade das jovens que serviram ao exército dos EUA já foram estupradas por colegas homens.
MELHOR MONTAGEM
Comentários: Por conseguir ritmar e unir a missão de final já sabido com a história da personagem de
Jessica Chastain, dando ao filme um clima de tensão e urgência psicológica sempre ativo, William Goldberg, por
A Hora Mais Escura merece o prêmio.
Argo, por sua vez, tem a montagem como um dos pontos mais fortes graças ao trabalho de... William Goldberg. Fica a minha aposta por acreditar que ele (
Argo)
não levará o prêmio principal, então, deverá levar os... menores (?).
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO (anteriormente, DIREÇÃO DE ARTE)
Rick Carter, Jim Erickson e Peter T. Frank, por
Lincoln
Comentários: Bem complicado. Diferente do ano passado (2012), são três filmes que retratam uma época passada, uma semi-fantasia e uma fantasia (esses costumam levar os prêmios de Direção de Arte e Figurino). Minha preferência e minha aposta caem sobre
Os Miseráveis por ser o motivo maior de valer a pena assistir a esse filme do
Tom Hooper. Mas qualquer um será merecedor... inclusive
Lincoln e o pobre de narrativa
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada.
MELHOR FIGURINO
Comentários: Outra disputa apertada entre
Os Miseráveis,
Anna Karenina e
Lincoln. Apesar da minha torcida pelo primeiro, que mostra uma diversidade incrível de vestimentas e todas muito detalhadas, enxergo essa mesma qualidade na obra do
Spielberg e, talvez, seja essa a preferência da Academia. Mas...
Os Miseráveis.
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Comentários: Queria muito ter minha preferência voltada para
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, é a melhor salvação desse filme do
Peter Jackson, além do design de produção. Com exceção do
Branca de Neve e o Caçador, todos merecem, com louvor, estar entre os indicados. Mas fiquei encantado por Richard Parker e estarei torcendo para que ele tenha feito o mesmo efeito nos votantes.
MELHORES EFEITOS SONOROS
Comentários: Ter em mãos um filme quase que 100% cantado "ao vivo" e recriar, em cima disso (o que já se mistura com o quesito abaixo), efeitos de bombardeios, tiros... com quase perfeição faria
Os Miseráveis merecer essa estatueta, mas quase perfeição não vence numa categoria técnica. Claro que posso errar, mas, se meus ouvidos ainda estiverem atentos,
Argo deverá vencer essa categoria com alguma facilidade devido, justamente, ao esforço de evitar a proclamação desses efeitos e os fazer surgir como sugestões contidas. É um belo trabalho.
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Comentários: Pelos diálogos rápidos (em meio a tantos acontecimentos) e de, muitas vezes, um volume baixo extremamente preciso e audível, fico com
A Hora Mais Escura e aposto na sua vitória. Mas todos os outros têm um trabalho competente de edição de som.
As Aventuras de Pi, por exemplo, é dos mais limpos que já vi (escutei).
MELHOR MAQUIAGEM
Comentários: Não seria ruim, de forma alguma, a vitória de
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada. Mesmo o assistindo a 48 frames por segundo, a maquiagem é bem detalhista (apesar de, às vezes, parecer artificial). Apesar disso, em
Os Miseráveis, o trabalho é bem mais delicado. O envelhecimento gradual do Jean Valjean (
Hugh Jackman) é precioso, assim como o retrato dos mais pobres e das prostitutas, com seus rostos manchados de uma forma, até, desregrada.
Quanto ao
Hitchcock... excelente trabalho ao transformar
Anthony Hopkins no gênio (quase que um gênio em outro – comparações completamente à parte), mais nada além.
MELHOR CURTA-METRAGEM (animação)
Adam and Dog
Fresh Guacamole
Head over Heels
O Dia Mais Longo na Creche
O Avião de Papel
Preferido: Head over Heels
Aposta: O Avião de Papel
Comentários: Enquanto Adam and Dog é o mais incrível esteticamente, Head over Heels é o mais bonito, original e romântico (e ainda é engraçado – sem ser clichê).
O Avião de Papel é delicado, tecnicamente perfeitinho, infelizmente previsível e... é da Disney, empresa adorada pelos senhores votantes.
No mais, Fresh Guacamole deve ter entrado entre os cinco para fazer número e The Longest Daycare, protagonizado pela Maggie Simpson, é bem engraçado...
MELHOR CURTA-METRAGEM
Asad
Buzkashi Boys
Curfew
Dood van een Schaduw
Henry
Preferido: Asad
Aposta: Asad
Comentários: Curfew é curioso (e a atriz mirim é bem talentosa).
Dood van een Schaduw é levemente bizarro e tem um desfecho interessante.
A vitória de Buzkashi Boys seria politicamente muito interessante para os EUA por se tratar de uma obra em parceria com o Afeganistão (uma ótima fita).
Henry é bonito, mas sem muita força que justifique a premiação.
Asad é o meu favorito por retratar a luta de um menino para sobreviver numa terra devastada pela guerra sem melodrama, de forma objetiva e com um pequeno toque de fábula. É uma produção conjunta entre EUA e África do Sul, o que é, assim como Buzkashi Boys, muito interessante para o Tio Sam.
MELHOR CURTA-METRAGEM (documentário)
Inocente
Kings Point
Mondays at Racine
Open Heart
Redemption